Vale a pena investir em CDBs que pagam 200% do CDI?

22 de abril de 2021 | Imprensa

Imagem - Fiduc

Pergunta do leitor: Muitas corretoras estão oferecendo CDBs com rentabilidade de 200% do CDI. Quais os riscos e vantagens em fazer este tipo de investimento?

Resposta de Fernando Savioli:

objetivo de todo investidor é – ou deveria ser – obter rentabilidades superiores à variação da inflação ao longo do tempo. É somente assim que ele consegue formar um patrimônio com crescente poder de compra.

Se, de forma habitual, as rentabilidades forem inferiores à inflação, apesar do investidor ver seu patrimônio crescer ao longo do tempo, esse patrimônio perderá, pouco a pouco, a capacidade de comprar o que o investidor imaginou ao optar por consumir no futuro e não no presente.

Antes de investir, é fundamental que se analise o objetivo daquele investimento, que vai além de “ganhar mais dinheiro” e deve ter relação com o que se pretende fazer com aquele dinheiro e, muito importante, com o prazo que se pretende utilizá-lo.

Dentre os muitos pontos que precisam ser analisados antes de decidirmos investir está o risco atrelado ao investimento, que pode ser de crédito (em renda fixa), que quer dizer qual a chance de você não receber seu dinheiro de volta e também o risco de mercado, que tem relação com a maior ou menor previsibilidade dos retornos.

Além disso, a liquidez também deve ser levada em consideração. E se você precisar utilizar esses recursos e não puder resgatar? Outro fator fundamental é a rentabilidade potencial das opções de investimento.

O investidor deve descartar todas as alternativas que, no período de duração esperado do investimento, não forem capazes de oferecer rentabilidades com potencial de superar a inflação esperada, com a exceção da reserva de emergência, objetivo de investimento para o qual a rentabilidade é uma característica secundária e o importante é a altíssima liquidez e baixo risco.

Todos os tipos de investimento são afetados pela inflação e seus valores de mercado são bastante impactados por medições de inflação diferentes do esperado pelo mercado. Se a leitura é mais alta que o esperado, geralmente observa-se uma desvalorização e, ao contrário, uma medição menor que o esperado se reflete em valorização. Os investimentos em renda fixa são particularmente sensíveis ao comportamento da inflação.

Aí chegamos ao CDB que paga 200% do CDI. Não se esqueça que essa é a rentabilidade bruta. O rendimento que você obterá investindo nele será decrescentemente tributado pelo imposto de renda dependendo do tempo que você permanecer investido, partindo de 22,5% para investimentos até 180 dias, chegando 15% para investimentos com prazos superiores a dois anos.

Esse nível de rentabilidade certamente chama a atenção dos investidores, mas agora, com a Selic a 2,75% (e com previsão de terminar 2021 a 5%) e a expectativa de a inflação fechar o ano a 4,7% (e subindo a cada semana), um CDB com vencimento até 180 dias de vencimento tem uma rentabilidade real líquida (ou seja, após deduzirmos os impostos e a inflação do saldo final) em reais que supera pouco a inflação no mesmo período.

Se o investidor não fizer esse tipo de análise, corre o risco de se frustrar ao constatar que, depois do esforço que fez abrindo mão de consumir hoje e poupar, seu saldo acumulado não compra o que o valor originalmente investido compraria. Assim, pense nos objetivos, nos prazos, analise os riscos (de crédito, oscilação dos retornos e liquidez) e nos retornos potenciais, sempre lembrando da inflação, para assim tomar uma decisão mais assertiva.

Se você não tem conhecimento para realizar esse tipo de análise, invista em Renda Fixa – ou em qualquer outro tipo de investimento que você deseja realizar – utilizando os serviços de gestores profissionais de recursos por meio de fundos de investimentos. Eles detêm conhecimento, experiência, equipe de profissionais e a estrutura para analisar e decidir diante dos pontos de atenção acima expostos.