Tecnologia na gestão das finanças pessoais

10 de novembro de 2020 | Imprensa

Imagem - Fiduc

Mais de seis meses desde o início da pandemia de Coronavírus no Brasil e as mudanças de hábitos bruscas pelas quais todos passaram vão sendo incorporadas à rotina e, possivelmente, permanecerão após a chegada de uma vacina. São adaptações para a proteção da saúde e, claro, da sustentabilidade financeira. A grande constatação no período foi de que a maior capacidade de superação está diretamente ligada a uma conduta prévia de reserva financeira e gestão de patrimônio. Neste momento, o planejamento financeiro profissional mostrou-se, mais do que nunca, um serviço essencial para famílias e corporações vencerem os desafios para a retomada do caminho para a conquista de metas e sonhos.

Na opinião de Leanderson Reis, fundador da consultoria GFAI, o contexto atual é de grande valorização do profissional. “As pessoas perceberam hoje que aquele carro na garagem não faz muito sentido e que vários projetos de vida não vão de fato acontecer, e que o tal do colchão de segurança, ou seja, a reserva de segurança e o fluxo de caixa são importantes”, afirma.

A necessidade urgente de distanciamento social entre as pessoas exigiu adaptação rápida a novas ferramentas de comunicação online. Trata-se de uma revolução, mas que não deixa de lado o talento humano, de acordo com Pedro Guimarães, sócio-fundador e CEO da Fiduc. “Toda revolução industrial é baseada em substituição de atividades repetitivas. Neste sentido, as ferramentas que a gente utiliza hoje em dia no mundo inteiro, mesmo aquelas que pretendem usar a inteligência artificial, estão muito longe de substituir o planejador financeiro”.

“A máquina e os robôs vêm para ficar e cada vez tomar mais espaço e crescer, mas vão sempre trabalhar em conjunto com o homem”

As soluções tecnológicas criadas para a gestão de finanças tendem a se juntar em aplicativos cada vez mais eficientes, segundo os especialistas. O cenário que se desenha adiante é o da confluência das inovações. Jayme Carvalho, co-fundador da SupeRico, lembra que as ferramentas disponíveis no mercado vão desde as mais antigas, usadas para consolidação de investimentos, até as mais novas, que são leves e adaptativas. “Talvez você não tenha a melhor ferramenta e o que o planejador vai querer colocar na carreira para entregar um diferencial ao cliente seja composto por muitas ferramentas, como um consolidador de uma e um front office de outra”, conclui Carvalho.

Fundador e CEO da N2, André Barretto defende que o trabalho do planejador financeiro vai muito além da tarefa de entregar planilhas. “Não é só o relatório e você trazer números, mas conversar, entender e entrar a fundo no objetivo e na necessidade de cada cliente, além de criar um ciclo de constância para você conversar com esta família e este indivíduo”. Barretto acredita que o avanço tecnológico ocorre em benefício do planejador. “A máquina e os robôs vêm para ficar e cada vez tomar mais espaço e crescer, mas vão sempre trabalhar em conjunto com o homem”, afirma.

Outra vantagem trazida pelas ferramentas é o aumento de escala na prestação de serviço. Guilherme Kolberg, sócio e head de experiência de cliente e pesquisa de mercado da XP Investimentos, tem uma visão otimista. “Por mais que o planejamento financeiro seja uma atividade pessoal e personalizada, vai existir uma demanda do mercado para buscar escala com dados mais padronizados, mas sem perder aquela questão de pessoalizar que é o grande diferencial de alguém que faz um trabalho financeiro por completo”.

Um paralelo com a área de Psicologia é inevitável no relato de Felipe Sotto Maior, CEO da Vérios, que revelou a necessidade de procurar um outro planejador financeiro para ajudá-lo com suas finanças pessoais, assim como é regra entre psicólogos as consultas regulares entre colegas da área para uma visão “de fora” sobre os próprios desafios. “Mesmo super inserido no mundo das finanças pessoais, supercapaz de fazer grandes planilhas e controles, a hora que você começa a discutir sobre seus objetivos e colocá-los no papel, parte do processo é um choque, um tapa na cara, que é bom e saudável quase como uma terapia para eleger prioridades”, conclui.

Aliadas tecnológicas

De ferramentas modernas até as mais tradicionais, os planejadores financeiros entrevistados elegeram as suas aliadas preferidas. Felipe Sotto Maior adotou para as finanças pessoais os recursos oferecidos pelo Nubank e pela Vérios, além do aplicativo YNAB, sigla de You Need a Budget. Na prestação de serviços, Sotto Maior usa os sistemas proprietários da Vérios, tanto para movimentação de contas dos clientes, quanto para relatórios diários.

Já Guilherme Kolberg diz que, desde2013, não usa ferramentas porque, segundo ele, “não está mais do front”. Mas lembra que os aplicativos usados no passado eram próprios, elaborados por ele mesmo e usados na empresa onde trabalhava com a função de comparação de investimentos e planejamento para aposentadoria.

O Excel é a principal ferramenta do planejador financeiro na opinião de André Barretto, que lembrou também da Gorila, SmartBrain, Comdinheiro, Fliper, Mobius, além daquelas oferecidas por empresas como a Warren e a Fiduc. O destaque, na opinião de Barretto, é a Vista, considerada bem completa e que deve ser levada para a N2.

Jayme Carvalho elencou vários aplicativos. Como consolidadores de investimentos, Kinvo e SmartBrain, além de Comdinheiro, Realvalor, Fliper e Gorila. Para planejamento financeiro, destaque para SuperRico, Vista, N2, Fintask, Mobills, Organize e Guia Bolso. Já as ferramentas para controles da empresa são a ContaAzul, Trello, Pipedrive, Connecty e CRM.

check up de saúde financeira da Fiduc é o recurso digital destacado por Pedro Guimarães e usado na prospecção do cliente. O aplicativo Liberdade Financeira também é muito usado na Fiduc, segundo Guimarães, principalmente para redução de gastos com manutenção de padrão de vida e planejamento financeiro de longo prazo.

Leanderson Reis destaca muitas ferramentas que auxiliam o trabalho a exemplo da Bitrix 24, DashPlan, SurveyMonkey, Google Calendar e Google Docs, Talentims, Office, DocYouSign, Financial DNA, Vindi e NFe.io.

Por Luciene Miranda, da CFP Magazine.