Como investe o brasileiro?

4 de outubro de 2018 | Imprensa

Imagem - Fiduc

Em uma recente pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), realizada em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), alguns resultados sobre o comportamento do brasileiro com seus investimentos, se não surpreendem, preocupam.

Quando perguntados sobre qual a forma de manter suas reservas financeiras, nada menos do que 69,3% escolhem a ruim e velha poupança. Para piorar, mais de 17% deixam na conta corrente e outros 17% deixam em casa – isso mesmo, em casa. Essas são as três opções mais escolhidas e fico triste em saber desses resultados.

Apenas pouco mais de 12% optaram por fundos de investimento e outros 12% em previdência privada. Isso significa que apenas esse grupo decide por contar com gestão profissional para seus recursos, uma vez que as demais opções, como Ações, Títulos públicos, CDB e LCI/LCA requerem gestão do próprio investidor.

Como a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti disse à reportagem do Valor, “Pouca gente fica com os investimentos de forma perene e não se pensa em investimentos de forma estratégica. O brasileiro tem visão de curto prazo até nos investimentos”.

Essa análise evidencia parte do problema. As pessoas não pensam no futuro. O problema é que esse futuro teima em chegar. Ao fazerem essas escolhas, as pessoas condenam o patrimônio a uma taxa de crescimento pífia, que pode até perder para a inflação, fazendo a riqueza real da família diminuir ao longo do tempo. Não estamos falando de dinheiro, mas de qualidade de vida – uma escola melhor para os filhos, uma aposentadoria digna, um estilo de vida que traga alegria, um sonho realizado, entre outros tantos tópicos.

Em outra questão, a maioria (55%) entre os que investem disse priorizar aplicações consideradas fáceis de resgatar. Outras características citadas como desejáveis foram o baixo risco, facilidade de compreensão, pouca burocracia para aplicar e aporte inicial baixo.

Neste ponto me parece que os motivos do imediatismo começam a ficar mais claros. O enorme desejo de ter os recursos à disposição e que estejam em investimentos de “baixo risco”, mostram o que realmente está por trás desse comportamento destrutivo para o patrimônio das famílias – o medo!

O medo das pessoas advém, em minha opinião, de três fatores principais:

  • Histórico do país – Em um país no qual golpes e trambiques podem ser contados aos montes e que já passou até pelo trágico confisco do governo Collor, é natural que haja um comportamento mais conservador;
  • Informação / Educação – O nível de conhecimento sobre temas financeiros é, na média, baixíssimo, o que também leva a um comportamento que busca por soluções mais conhecidas e que aparentam menor risco.

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Antes de citar o terceiro fator, quero mostrar outro dado da pesquisa, que se refere a quem as pessoas buscam, quando precisam de orientação: apenas 30% dos investidores buscam orientação sobre onde investir, o que é baixíssimo. Além disso, quem aparece como primeira opção é o gerente de banco (53%). A seguir, com uma preferência pouca coisa menor (47%) vem a opção de aprender por sim mesmo por meio da internet, em sites e canais voltados para o assunto – bancos, educação financeira, corretoras, etc. Apenas pouco menos de 10% delegam a tarefa para terceiros. Agora podemos falar sobre o terceiro ponto:

  • Serviços de aconselhamento – Se pensarmos que a grande maioria busca informações em bancos e corretoras, vemos que essa relação de venda de produtos causa um conflito de interesses que é percebido pelas pessoas e traz a reflexão – será que a recomendação realmente é a melhor para mim ou é a melhor para o fornecedor, que precisa bater suas metas? Além disso, pela regulamentação atual, nem gerentes de banco nem agentes autônomos de investimento nas corretoras podem aconselhar o investidor sobre a montagem de uma carteira de investimentos – tampouco teriam tempo para acompanhar esse tópico tão dinâmico. Para completar, quando buscamos informações diretamente na internet temos dois riscos: será que a pessoa que está falando tem o domínio necessário sobre o assunto? E, mesmo que tenha, nenhum “guru financeiro” conhecerá os detalhes da situação individual de sua família. Ele pode ser o melhor “guru financeiro” do mundo, mas nunca será o “seu guru financeiro”.

Após esse diagnóstico da situação e dos impactos nefastos que ela causa, quais seriam as soluções?

No meu entendimento, não há como mudar a relação de confiança entre os investidores e seus fornecedores dentro do modelo atual. Precisamos de um modelo de negócio que tenha alinhamento de interesses, ao invés de conflito.

Com isso, as relações tenderão a se manterem estáveis por muito mais tempo, o que trará oportunidades para um processo educacional contínuo não apenas sobre investimentos, mas sobre como o mundo financeiro afeta a vida das pessoas e como um bom planejamento pode transformar essas vidas.

Por fim, além de um modelo de fornecimento de serviços financeiros com alinhamento de interesses voltado para o longo prazo, é fundamental que as pessoas que fazem as escolhas dos investimentos (gestão) sejam profissionais qualificados do mercado. Um investidor individual não possui nem o conhecimento, nem o tempo, nem o distanciamento emocional necessário para fazer uma boa gestão.

Com esse tripé – fornecimento de serviços com alinhamento de interesses, relações de longo prazo e gestão profissional dos recursos – poderemos aos poucos mudar esse quadro e gerar as condições para que mais e mais famílias possam ter mais liberdade de escolha, advinda do fato de possuírem mais recursos financeiros.

Essa solução já foi adotada em países desenvolvidos por meio da utilização do modelo Fiduciário no mercado financeiro. No Brasil, esse modelo existe nos family offices, mas era restrito às famílias com patrimônios muito elevados (dezenas de milhões de Reais, no mínimo). A FIDUC democratiza o modelo fiduciário e é o family office para todos, o que é uma verdadeira revolução no mercado. Aqui o cliente tem um planejador financeiro dedicado, que é Sócio da empresa, para acompanhar suas demandas de vida, que passam por aspectos financeiros, ao mesmo tempo em que conta com Comitês de Investimento altamente qualificados, responsáveis pela gestão dos recursos, em um modelo focado no alinhamento de interesses entre todos os envolvidos e na transparência absoluta.

Fonte: https://www.valor.com.br/financas/5897291/minoria-aplica-com-horizonte-de-longo-prazo